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Tecnologia e conhecimento na saúde: cooperação entre Philips e Elsevier integra soluções digitais ao prontuário eletrônico

Inovação Elsevier

Parceria entre Elsevier e Philips é exemplo de como a cooperação entre players do setor pode trazer respostas para as demandas da saúde, como fragmentação do cuidado e a busca por eficiência

A incorporação de inovações tecnológicas tem se mostrado o caminho para otimizar recursos, impulsionar a eficiência operacional e contribuir para a sustentabilidade da saúde. Mais do que isso: a tecnologia é também uma aliada à prática assistencial, com impactos diretos no aumento da qualidade e segurança do paciente. E o setor já está atento a isso. Tanto que, hoje, implementar novos dispositivos e softwares não é mais uma conversa que se resume aos departamentos de TI, mas sim uma estratégia de negócio, que demanda visão de longo prazo e até mesmo cooperação entre instituições.

“Colaboração é essencial. Nenhuma companhia pode oferecer tudo o que precisamos em saúde. Temos desafios massivos ao redor do mundo, e grandes empresas estão se unindo para impactar positivamente os desfechos dos pacientes”, afirma Tim Morris, vice-presidente Go-to-Market para mercados internacionais da Elsevier, empresa holandesa especializada em soluções digitais com conteúdo científico. “Nós podemos trazer conhecimento clínico e informação baseada em evidências, colocar isso nas mãos dos médicos, mas precisamos de parcerias com desenvolvedores dos prontuários eletrônicos, porque é lá que o fluxo de trabalho vai estar e onde o profissional da assistência vai se conectar com a informação”.

Foi desse contexto que nasceu uma parceria global entre Elsevier e Philips, que já está em andamento no Brasil. A ideia é que, por meio do sistema de gestão de saúde e prontuário eletrônico Tasy EMR, da Philips, os profissionais da ponta do atendimento, tanto médicos quanto time de enfermeiros, vejam direto em seu sistema de uso diário as informações necessárias para tomar a melhor decisão para o paciente. Sempre baseado em evidências científicas e de acordo com os protocolos e linhas de cuidado estabelecidos pela instituição em questão.

Para Shiv Gopalkrishnan, líder global de EMR&Care Management da Philips, “como paciente, você vai a um sistema de saúde e se conecta com várias pessoas. Um recepcionista, uma enfermeira, um médico, um especialista de laboratório, e assim por diante. O sistema de saúde requer colaboração para prestar cuidados. Por que a tecnologia deveria ser diferente?”, indaga. “Cada profissional da área da saúde traz determinado conhecimento e experiência para a mesa, e assim também acontece com a parceria entre a Philips e a Elsevier”.

Colaboração foi um dos principais pontos que a mais recente edição do Future Health Index 2023, pesquisa encomendada pela Philips – e que Futuro da Saúde teve acesso em primeira mão do recorte brasileiro – evidenciou. Segundo o levantamento, 35% das lideranças brasileiras de instituições de saúde disseram estar priorizando colaborações com fornecedores de TI e dados e, para o futuro, 28% planejam expandir suas parcerias com instituições de ensino e 27% com empresas de tecnologia em saúde.

A convite da Elsevier, Futuro da Saúde esteve no Connect Day, evento promovido pela Philips, para falar com as principais lideranças envolvidas nessa parceria. Nas entrevistas conduzidas pela jornalista Natalia Cuminale, fundadora do portal, é possível explorar os detalhes que envolvem os desafios atuais da saúde, a proposta da integração e os cases práticos aqui no Brasil. Os links das entrevistas estão distribuídos ao longo da reportagem.

Futuro da Saúde no Connect Day 2023 : Entrevista Tim Morris e Shiv Gopalkrishnan
Entrevista com Shiv Gopalkrishnan e Tim Morris

Cooperação no centro do desenvolvimento

Essa nova maneira de desenvolver soluções de saúde, partindo de uma lógica cada vez mais multidisciplinar e multisetorial, será ainda mais necessária frente aos desafios do setor. Na visão de Claudia Toledo, diretora geral de Clinical Solutions da Elsevier Brasil e América Latina, pensar de forma isolada nem mesmo será possível:

“O crescimento do conhecimento, o avanço das tecnologias, o desafio da comunicação, o aumento da população idosa, o aumento das doenças crônicas…são demandas muito grandes para a saúde endereçar de uma só vez. Há uma pressão enorme para fazer uma gestão mais eficiente, mas é impossível fazer uma gestão eficiente sem conhecimento tecnológico”.

Para Fabia Tetteroo-Bueno, vice-presidente e gerente geral para América Latina na Philips, esse contexto de envelhecimento da população e as iniquidades de acesso levará o sistema a mudar a forma de atuação: “Hoje o sistema trata a doença, mas não é o único caminho. Não se faz prevenção, não se mantém as pessoas saudáveis. Temos aí uma pirâmide em que 10% é gasto com prevenção e todo o resto é gasto com diagnóstico, com tratamento. Nós vamos ter que dar mais acesso, porque não vai ter clínico para tratar tanta gente”.

A escassez de profissionais é um tema que vem levantando preocupações ao redor do mundo. De acordo com o relatório Clinico do Futuro 2023, da Elsevier, que entrevistou 2,6 mil profissionais de todas as regiões do mundo, a falta de enfermeiros apareceu como a principal preocupação para os próximos 3 anos (apontado por 54% dos respondentes), enquanto a falta de médicos ficou em quinto lugar (45% indicaram como principal preocupação).

Neste cenário, as novas tecnologias terão papel essencial e já estão redefinindo a forma como o ecossistema de saúde funciona. Prontuários eletrônicos, big data, interoperabilidade são termos que dominam cada vez mais a discussão sobre gestão de saúde e devem contribuir para trazer mais eficiência. A própria Elsevier, que se estabeleceu com os livros impressos de referência para a formação e aperfeiçoamento na área da saúde, adotou um novo caminho diante das transformações tecnológicas.

“A principal transformação foi estratificar o conteúdo dos livros, que eram longos e exigiam mais tempo para que o profissional pudesse parar, ler, reter e traduzir aquele conhecimento para a prática profissional, e fragmentá-lo de forma que ele pudesse ser estudado no fluxo de trabalho, no momento do atendimento, em uma reunião clínica por diferentes agentes de saúde”, detalha Toledo.

Mais recentemente, a inteligência artificial vem ganhando força como elemento dessa equação. A pesquisa já mencionada da Philips mostrou que 79% dos líderes no Brasil estão investindo em pelo menos uma tecnologia de IA (a média global foi de 59%), posicionando o país entre os quatro principais mercados nessa inovação. O foco desse investimento está atualmente em eficiência operacional, diagnósticos, suporte à decisão clínica e predição de resultados. Os jovens profissionais de saúde têm mostrado ainda mais entusiasmo com a adoção de IA, segundo a Edição para Educação do relatório Clínico do Futuro 2023 da Elsevier: 62% dos mais de 2.200 estudantes entrevistados disseram estar entusiasmados com o uso da tecnologia na formação.

Hoje, seja para profissionais experientes ou para os mais jovens, a Elsevier tem um amplo portifólio de soluções digitais, entre elas o Care Planning, que oferece planos de cuidados de saúde baseados em evidências que ajuda a reduzir a variabilidade nos atendimentos e melhorar a coordenação do cuidado, e o Order Sets, que permite criar, revisar e gerenciar protocolos em um ambiente colaborativo, por meio de listas de verificação de solicitações, ambos integrados ao Tasy EMR.

Ter a adaptação de formato e linguagem no cerne da nova estratégia, visando uma entrega intuitiva do conteúdo científico integrado ao fluxo de trabalho, foi um dos pontos de sinergia com a Philips, reforça Claudia Toledo: “A linguagem é diferente. Um paciente entende diferente de um médico, uma equipe multidisciplinar que trabalha transversalmente tem outra necessidade. E a gente entrega isso em formato de tecnologia, dentro de aplicativos, prontuários eletrônicos, banco de dados”.

Entrevista com Fabia Tetteroo-Bueno e Claudia Toledo

Aplicação na prática

Ao se deparar com o desafio de garantir que seu corpo clínico estivesse tomando as decisões baseadas em protocolos e nas mais recentes evidências científicas, o Hospital Angelina Caron (HAC) iniciou uma busca por soluções no mercado. Localizado no Paraná, a instituição de 40 anos atualmente possui cerca de 2 mil colaboradores e médicos, mais de 400 leitos e realiza mais de 400 mil atendimentos por ano – mais de 90% disso para o Sistema Único de Saúde (SUS).

A ideia era encontrar uma solução que aumentasse não apenas a qualidade e segurança da assistência ao paciente, mas também ampliasse a eficiência. Isso porque com a produção e a disponibilidade cada vez maior de informações, se manter atualizado virou um gargalo para os profissionais de saúde – tanto recém-formados quanto os mais experientes –, que encontram dificuldade para levar aos pacientes o que há de mais atual, seguro e eficiente de acordo com a literatura científica.

“Nosso objetivo era encontrar uma tecnologia que apoiasse os profissionais, principalmente os médicos residentes, que muitas vezes vão de recém-formados direto para a linha de frente do atendimento”, relembra Rodrigo Belila, superintendente assistencial do Hospital Angelina Caron. A atenção à segurança e preparo dos novos profissionais é justificada: segundo a OMS, erros evitáveis em saúde são responsáveis por 2,6 milhões de mortes por ano em países de baixa e média renda.

Foi durante o Connect Day 2019 que a gestão do Angelina Caron intensificou o foco e os planos de investimento em tecnologias de apoio à decisão clínica, ao olhar para os processos internos e identificar suas principais dores. A instituição funciona também como hospital de ensino, e o alto volume de atendimento do pronto-socorro torna a supervisão médica direta desafiadora.

O hospital foi o primeiro do Brasil a adotar duas soluções da Elsevier integradas ao Tasy EMR, da Philips. “Nós tínhamos essa questão de garantir a qualidade da informação que chegava até o médico na porta de entrada. O médico residente, quando precisa tomar uma decisão rápida, também busca informação com os meios disponíveis no momento. Muitas vezes, esse meio é a internet, ou seja, não há garantia de que aquela é de fato a melhor informação”, pontua Belila.

Para o superintendente, além da qualidade da base de dados utilizada no sistema Tasy EMR, a possibilidade de receber informação em tempo real, no momento do atendimento médico, também foi um diferencial: “Estamos falando de uma ferramenta que, no momento em que o médico está estabelecendo o plano terapêutico, ele está recebendo informação. Ele não precisa buscar em outro lugar, fora do ambiente de prescrição médica, fora do prontuário eletrônico, para pesquisar. Ele tem isso ali na mesma tela, auxiliando para que ele tome a melhor decisão possível para o paciente”.

E a cooperação não só é necessária entre diferentes empresas, mas também dentro de uma mesma instituição. “É um projeto de negócio, não é um projeto de Tecnologia da Informação”, reforça Bruno Capobianchi, diretor de TI do HAC. “Já faz um tempo que nossa área de TI saiu daquela visão mais operacional e começou a olhar mais estrategicamente para o negócio. Temos uma demanda extremamente grande do lado assistencial. Para tentar melhorar esse processo, para apoiar as equipes multidisciplinares com mais agilidade, o quanto nós, time de tecnologia, podemos contribuir como um todo?”.

Essa preocupação com a adoção de tecnologia como estratégia de negócio é crescente, mas ainda precisa avançar no Brasil. O Mapa da Transformação Digital dos Hospitais Brasileiros elaborado pela Folks mostrou que, de uma amostra de 175 hospitais, a média de maturidade digital foi de 44,13%. Contudo, ao analisar as dimensões, o levantamento indica que a preparação para a jornada digital é de 37%, enquanto a adoção tecnológica é de 48%, ou seja, as instituições estão adquirindo tecnologia, mas sem necessariamente preparar internamente o processo de transformação, o que pode tornar a transição mais desafiadora.

Entrevista com Bruno Capobianchi e Rodrigo Belila

Treinamento e engajamento são essenciais

A Rede Madre – Pequenas Missionárias de Maria Imaculada também está nessa jornada de implantar de novas tecnologias: a instituição colocará no ar para todos os profissionais o Tasy EMR também integrado com a solução Care Planning de linhas de cuidado da Elsevier. A ideia é que a implantação seja finalizada na primeira unidade em fevereiro, e que seja estendida aos demais hospitais da rede ao longo de 2024.

“Vai ser uma mudança e tanto. A partir de novembro, vamos começar os treinamentos, uma etapa muito importante. Durante três meses, vamos nos dedicar diariamente ao treinamento de toda a equipe, para que todos compreendam o que é o sistema e como utilizá-lo”, pontua Carla Medina, supervisora de educação corporativa da Rede Madre.

Apesar de necessária, é uma transformação que demanda mudança cultural. Ainda mais em uma instituição que possui cinco hospitais, mais de 1.000 leitos e que realiza cerca de 1,5 milhão de atendimentos por ano – sendo 83% destinados a pacientes do SUS. Por isso, a gestão optou por incluir todos os profissionais – de recepcionistas à diretores e diretoras – no treinamento das novas tecnologias.

E é um processo que começou antes mesmo do treinamento. A inclusão de profissionais de saúde na fase de desenvolvimento de novas tecnologias tem deixado de ser exceção e se transformado em regra, para que as soluções estejam cada vez mais alinhadas com a realidade dos serviços de saúde, como salienta Marcelle Bronzoni, gerente de vendas de produtos da Elsevier: “A maior parte dos profissionais estava presente até mesmo no processo de compra, para entenderem se fazia sentido ou não aquela solução.”

Ela explica que, ainda no início do projeto, os clientes – profissionais de saúde e stakeholders – recebem uma capacitação sobre a importância de o conhecimento científico estar integrado ao prontuário eletrônico e, só então, partem para a ferramenta em si. “É a fase em que mostramos o funcionamento do Care Planning no Tasy EMR, passo a passo para analisar os processos, comparar o que é feito hoje com como vai ser feito no futuro dentro do sistema.”

A adaptação de acordo com a realidade de cada organização é outro ponto importante, e construir um diálogo próximo com os times de gestão e assistencial é indispensável. “Temos diferentes estratégias com base nas necessidades e na realidade de cada um dos clientes. Existe uma metodologia, mas sempre discutimos quais são as necessidades daquele cliente, quais as maiores dificuldades durante o processo”, diz Bronzoni.

Entrevista com Carla Medina e Marcelle Bronzoni

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